Contos de Fadas Politicamente Correctos ou More Politically Correct Bedtime Stories de James Finn Garner

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Apanhei o gosto pela leitura da minha mãe, e com a idade que tenho continuo a gostar de ler livros, daqueles em papel, não importa o gênero, ou revistas de banda desenhada, embora as revistas fiquem de fora nesta série de artigos.
Nos artigos anteriores sobre os Livros da Minha Biblioteca abordei alguns livros de ficção científica, mas hoje trago-vos um livro que nada tem a ver com esse tema.

Já não me lembro bem como ou onde o adquiri...
Mas, ou comprei-o numa feira de usados das que costumava visitar na altura, ou mais provavelmente, adquiri-o na promoção que a Gradiva fez no já extinto jornal A Capital.

Aqui há uns anitos havia esta moda dos jornais e revistas trazerem brindes ou promoções como CDs ou livros, e eu algumas vezes tive a boa surpresa de encontrar algo que doutra forma passaria ao lado.
Foi o feliz acaso desta obra. :D

O autor é o humorista e escritor James Finn Garner, nascido em Detroit mudando-se mais tarde para Chicago, onde tem vivido a maior parte da vida adulta.
O seu primeiro livro foi Histórias Tradicionais Politicamente Correctas, a que se seguiu esta obra que apresento neste artigo e mais alguns livros a "bater" no tema do "Politicamente Correcto".

Contos de Fadas Politicamente Correctos é o segundo livro no tema de contos reinventados para o "Politicamente Correcto" num tom humorístico.
Desde a introdução onde passa o tempo a pedir desculpa pela destruição dalgumas árvores para aumentar o seu espólio econômico, até às críticas fictícias dos autores dos contos originais na contracapa desta paródia onde nada é sagrado ou está a salvo da pena inclemente do autor.

Custa a acreditar que James Finn Garner tenha sido capaz de aperfeiçoar o que já era perfeito — Mas foi!


Hans Christian Andersen
Escritor, Poeta

Andámos à pancada para ver quem lia primeiro.


Os Irmãos Grimm
Linguistas, Poetas E Escritores

Estas histórias são fábulas dos tempos que correm.


Esopo
Fabulista, Mitógrafo, Filósofo, Escritor

Tenho até dúvidas que este livro, e os restantes com o mesmo tema, tivessem publicação hoje em dia devido ao tipo de humor que contém.
Não se coíbe em brincar com o politicamente correcto, que na altura já se falava mas ainda não se tinha tornado na loucura que é hoje em dia, onde mataram o humor com receio de ofender alguém ou algum grupo.

A verdade é que nos dias de hoje basta atirar uma pedra ao ar para aparecer alguém que se ofendeu.
Mas não quero ir por esse ninho de cobras neste artigo.

Neste Contos de Fadas Politicamente Correctos, que é o que eu possuo, o autor pega em conhecidos contos de fadas e reescreve-os, actualizando-os para os dias modernos (ou aos anos 90 do século passado quando foi escrito), alterando-os de tal forma que se tornam irreconhecíveis dos originais que conhecemos e com os quais crescemos.
Mas não posso negar que, em adulto, gosto mais destas versões. =D
Vejamos então quais são os contos que fazem parte desta mui recomendável obra:

  • Hansel e Gretel
    Nesta versão, os dois pré-adultos são abandonados pelo pai na floresta, onde vive a Bruxelense que é uma Ecodefensora e recruta os dois rejeitados para lutar pela Natureza e na defesa do ambiente.
  • A formiga e a cigarra
    A Formiga continua a ser trabalhadora e egoísta, mas é tão garganeira que foge ao Fisco, enquanto a Cigarra continua a ser avessa ao trabalho, mas agora é também surfista zen e activista.
  • A princesa e a ervilha
    A princesa nesta versão também nota a ervilha entre os colchões da cama que a rainha lhe dá para passar a noite... Mas agora é também a recipiente de múltiplas personalidades, e claro, activista.
  • A pequena criatura sereica
    Aqui chamada de Kelpie, esta pequena criatura sereica também salva um habitante de superfície de morrer afogado, que nesta versão é um activista da Greenpeace ou algo similar, e é ele que passa por uma transformação para passar o resto vida com ela.
  • A tartaruga e a lebre
    Nesta versão do clássico conto, a Lebre é uma maníaca pelo desporto e vida saudável fanfarrona que adora atazanar a atarracada, lenta e abaixo de forma Tartaruga que apesar disso (e com a ajuda de esteróides), acaba por ganhar a corrida contra a veloz Lebre.
  • O bichano das botas
    Neste mundo moderno, o pai ao atingir o inevitável estado de não essencialidade, dividiu pelos 3 filhos os seus bens: ao mais velho deixou a companhia petrolífera, o do meio ficou com as empresas de comunicação social, e ao mais novo só lhe calhou um gato que por acaso falava e era um grande estratega que o introduziu na politica apesar do rapaz não dar uma prá caixa.
  • A pessoa adormecida de atractividade superior à média
    A princesa Rosamunda é amaldiçoada pela 13ª mulher mágica porque não foi convidada para o seu banquete de baptismo, que ao atingir a idade adulta, a não se sentir completa sem um homem, e a desejar um casamento de perfeita e total felicidade, transformando-se numa comum dona de casa. Mas felizmente que uma outra mulher mágica ainda não tinha abençoado a pequena Rosamunda e para corrigir a maldição, desejou-lhe que ao atingir a puberdade, entalá-se um dedo numa roca de fiar e dormisse por 100 anos na esperança de que passado esse tempo, a miúda acordasse num mundo onde os homens fossem mais evoluídos e ela pudesse encontrar um companheiro progressista e afirmativo.
  • O rato da cidade e o rato suburbano
    Nesta fábula temos um choque entre dois mundos, dum lado o calmo e tranquilo mundo do rato suburbano (que revela gostar de ratos do mesmo sexo), e o mundo agitado e caótico onde vive o rato da cidade, a que se junta o ex-rato suburbano quando descobre os seus novos gostos.

As minhas palavras finais sobre este livro: Diverti-me imenso da primeira vez que o li, e nas várias vezes daí pra cá...
Mas últimamente cada vez que o leio, vem me à mente aquela cena no filme A Vida de Brian em que o Stan insistia que queria ser uma mulher, queria ser tratado como Loretta e não percebia porque não podia ser mãe.

Ou seja, aborda algo que altura foi algo visto como comédia, o que era a intenção dos autores e nada mais além disso, mas actualmente é visto como algo sério ou problemático no qual não se pode tocar.
Enfim, para terminar no espírito do livro do artigo, e para que não seja esquecida e enquanto não for censurada, deixo aqui essa infame cena:

Life of Brian Loretta

E por agora é tudo. ;)

Até breve. :-F

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