Ao meu Tio...

Se o meu Pai foi uma figura de referência na minha vida, outra foi o meu tio Leonel.

Com ele aprendi que uma pessoa não se julga pela aparência e que a vida é o que nós fazemos dela.

Partiu na grande viagem em 14 de Setembro de 2019, quatro dias depois de completar 83 Primaveras.
Hoje seria o seu aniversário.

Ao contrário do meu Pai, foi uma partida inesperada que nos apanhou de surpresa.
Principalmente a mim que no dia anterior tinha estado ao telefone com ele e onde ficou combinado que o ia visitar nesse fim de semana.

Infelizmente, tal já não foi possível.

Fiquei de tal forma afectado que me afastei de quase tudo durante algum tempo...
Este mesmo blogue ficou às moscas desde essa data até 2021 quando durante um dos confinamentos devido ao COVID, voltei a lhe pegar para me entreter enquanto estava preso em casa.

E mesmo assim, somente agora consegui escrever alguma coisa sobre o meu Tio... em parte porque me forcei a escrever sobre o meu Pai, como forma de fazer o luto.

Teve uma febre infantil que o deixou paralisado das pernas aos 18 meses de idade, mas sempre agiu como se pudesse saltar a uma estrela e mais além.
Nunca deixou que as suas fraquezas o impedissem de fazer o que queria nem de ser quem ele queria.

Aprendeu a profissão de calceteiro e disso fez a sua vida profissional.
Mais tarde o meu pai juntou-se a ele e durante muitos anos, foram uma das mais conhecidas duplas de calceteiros da zona até o meu pai se retirar dessa profissão e regressar ao campo e à agricultura.

O meu tio manteve-se sempre como calceteiro até se reformar.
Mas quando saia com ele em passeio, gostava de ir visitar antigos locais onde ainda podia ver alguns dos seus antigos trabalhos.

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Depois que se reformou, o meu Tio dedicou-se a outra das suas paixões: a carpintaria.
Montou uma pequena oficina em sua casa para fazer os seus trabalhos, mas desta vez por puro prazer e não para vender.

Voltando ao seu tempo como calceteiro, o meu tio ainda teve o privilégio de aparecer num jornal local, extinto há anos:

A imagem acima foi meio restaurada por mim e aumenta por onde passar o rato em cima, no entanto se quiser visualizar a imagem no seu tamanho original pode clicar Aqui

Por diversas vezes procurei por uma cópia em boas condiçoes desta edição deste jornal mas sem sucesso.
Caso alguém tenha ou conheça alguém com esta edição do Jornal Maré Alta que era publicado na área de Lagos, Vila do Bispo e Aljezur e queira vender, agradecia que me dissesse algo.

Enfim, termino aqui esta singela homenagem ao meu Tio.
Um homem com quem aprendi muito e de quem ainda sinto muita falta.

Té logo, Tio.

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